As políticas do corpo assumem um papel central na reflexão sobre a Educação Física (EF), o desporto, a atividade física e a educação para a saúde, nomeadamente no que respeita à promoção da equidade, da inclusão e da sustentabilidade. O trabalho da Sport, Health and Education Research Community (SHEdRC) da Edith Cowan University, conduzido por Dawn Penney, Valeria Varea, Eibhlish O’Hara e David Aldous, propõe uma análise crítica destes temas, centrada em três contextos: EF, Educação ao Ar Livre (OE) e desporto informal.
A EF continua a ser um espaço onde se reproduzem normas sobre corpos “adequados”, frequentemente associadas a práticas que excluem alunos com base no género, aptidão física ou origem. A investigação alerta para a importância de construir ambientes de pertença, nos quais todos os alunos se sintam valorizados, promovendo uma pedagogia que celebre a diversidade corporal.
O desporto informal, em crescimento face ao declínio do desporto organizado, revela-se uma alternativa inclusiva e significativa, especialmente para jovens sub-representados em estruturas formais. A SHEdRC destaca o seu potencial como recurso comunitário de saúde e coesão, sublinhando a necessidade de políticas públicas que reconheçam e apoiem estas formas de participação.
Na OE, os autores criticam modelos que mantêm identidades restritivas e propõem programas co-construídos que alarguem as oportunidades de participação ao longo da vida. Este reposicionamento convoca uma abordagem ecológica, promotora de cidadania e sensível à diversidade de práticas e ambientes de movimento.
Outros temas analisados incluem a educação para a saúde junto de jovens migrantes, a ortorexia atlética e o body shaming no treino desportivo. Estas realidades revelam pressões culturais e normativas sobre o corpo que comprometem o bem-estar e a autoestima dos praticantes, exigindo práticas pedagógicas e de treino que respeitem a diversidade e assegurem ambientes seguros.
A SHEdRC defende uma abordagem colaborativa e interdisciplinar na redefinição das políticas do corpo, promovendo práticas educativas e desportivas mais justas, inclusivas e sustentáveis. A SPEF associa-se a esta visão, reconhecendo a relevância destes temas para o contexto português e reafirmando o seu compromisso com a construção de ambientes educativos e desportivos centrados na equidade, no cuidado e na cidadania ativa.
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